Estava sossegado uma noite e simplesmente "ocorreu-me" escrever sobre este assunto !
TÍTULO : NÓS OS "HIBRIDOS" ##### AUTOR : ANTÓNIO DA SILVA
Há 500 anos, quando os portugueses se meteram na caravelas e decidiram "mostrar novos mundos ao mundo", nunca lhes passou pela cabeça que iriam criar uma nova raça quinhentos anos depois, isto é, nós " os hibridos " !!
"Os hibridos" somos nós, que, em África, após quinhentos anos de colonização fomos de repente colocados perante uma situação "de facto" que nos deixou de forma mais ou menos profunda perante um dilema; Quem eramos !!
Conheço muitas pessoas que por muito nacionalista que se arvorem e não queiram admitir, estão no mesmo barco que eu, isto é " são hibridos"!!!
Custa a admitir tal facto sobretudo se "naquele período" se fazeram de super revolucionários nacionalistas, mas o facto é que o comportamento no dia a dia mostra o que somos.
Como inventei uma nova raça, também não custa inventar uma nova palavra, "hibridismo" !!
A maior parte dos problemas que os países africanos têm são, em minha opinião, provocados por esse hibridismo que nos impede de nos entregarmos de corpo e alma e com toda a fé na construção do país que, devido aos "erros históricos sucessivos" feitos pelos países fortes do mundo, é afinal, aquele que é nosso e que temos !!
É esse hibridismo que faz com que muito boa gente dita nacionalista ( que até ás datas das independências respectivas nunca havia visitado a Europa ou o estrangeiro ...) faça as suas férias fora de África, ponha os seus filhos a estudar nos Estados Unidos ou coloque o seu dinheiro na Suiça.
Como “qualquer país não é mais do que o que os seus cidadões são”, o procedimento atrás referido multiplicado pelo numero de pessoas mais sujeitas ao fenómeno, e a saber, os intelectuais formados e governantes, esse procedimento, dizia, provoca nos países de África uma situação de fosso cultural e de riqueza cada vez maior.
Quanto mais cresce o hibridismo, menos cresce o investimento de riqueza e cultural do país africano. Infelizmente a tendência da curva de crescimento do hibridismo é cada vez maior.
Está por detrás desta curva não mais do que os referidos erros históricos e a contínua influência dos países ditos civilizados (ou que, pelo menos são mais ricos, porque afinal o conceito de civilização é relativo....).
Devido a esse tipo de influência e ao seu comportamento, chego á conclusão que esses países não estão nada interessados que os países africanos se desenvolvam. Iste tem vindo a acontecer nos últimos 500 anos.
SENÃO vejamos :
1‑ África deve ser o continente mais rico do mundo e os seus países devem ser os países que têm melhor potencial de ser absolutamente autónomos em todos os aspectos, desde que tenham uma gestão adequada. O Japão, Taiwan, Coreia do Sul e todos os chamados "nic's" cresceram á custa de muito esforço e têm apenas pessoas, e gestão nacionalista adequada entenda-se..... Nenhum destes países tem o potencial estrutural que a maior parte dos países africanos têm.
2‑ A gestão acima referida tem sido negada a África de forma directa ou indirecta sobretudo pelos países europeus e baseio tal afirmação nos seguintes factos:
a‑ há 500 anos, os portugueses e os europeus, meteram‑se em caravelas para "mostrar novos mundos ao mundo" e por cá chegaram, dizendo:
‑"isto é nosso !!.
Colocaram um padrão e aqui vamos.
b‑ Aqui, comete‑se o primeiro grande "erro histórico" !!! os homens que cá estavam, não sendo brancos, viraram escravos e passaram a ser mercadoria de exportação.
c‑ Os descobridores foram trazendo os seus hábitos, a religião,as roupas etc;
foram expropriando os nativos e ficando com as terras para eles.
d‑ Ao fim de um certo tempo os corações mais moles chegaram á conclusão que afinal os pretos "coitadinhos" tinham dois braços, pernas e até falavam, e como tal não deviam ser propriedade de ninguém... Nesta altura, comete‑se o "segundo grande erro histórico" !!
Sem qualquer transição que ensinasse os escravos a serem livres, aboliram a escravatura!
Conclusão, despojados das suas terras, impossibilitados de a elas voltarem, os negros ainda começaram a ser mais explorados, porque agora, o patrão (ex‑dono...) nem sequer tinha que os alimentar e os vestir.
f- Com o evoluir da situação e com muito sangue por parte dos ex‑escravos, estes começaram a passar a exercer algum papel na sociedade. Nesse entretanto, devido á pressão internacional e ao jogo de interesses, comete‑se o "terceiro grande erro histórico"
Divide‑se África numa mesa em Berlim com uma simples régua e criam‑se as colónias dividindo tribos e famílias inteiras.
g‑ Começa então o "quarto grande erro histórico" !!
- Começa a ensinar‑se aos "nativos" que são portugueses, franceses, ingleses etc.
- Ensina‑se francês, português, inglês etc
- Ensinam‑lhes a tomar chá ás 17 e a cantar o fado
- Ensinam‑lhes a história de cada metrópole sobre reis que não lhes dizem nada.
- Ensinam‑lhes a defender a bandeira e o hino nacional (das metropoles, entenda-se....)
- Dizem‑lhes que são franceses, ingleses ou portugueses; põem-nos a combater nas grandes guerras.
- No caso de portugal ainda é pior pois até lhes ensinaram que "eram portugueses de direito" independentemente da côr, raça, religião ou colónia onde nasceram.
h‑ Nos anos 60 é cometido o quinto grande erro histórico !!!
Quando os interesses internacionais põem na mesa os dois países que não tinham nenhum pedaço de África, isto é a URSS e os EUA...Estes conseguem fazer passar uma resolução na ONU sobre o direitos á independência dos povos e apoiam os ditos "movimentos de libertação"....
Logo quem ...hem ??? Que coisa mais absurva vindo de quem veio.....Tanto o território dos EUA como o da URSS tinha sido ocupado pela violência, anexado, colonizado etc.....
Enfim.....Passaram as tais decisões, até porque as metrópoles Europeias também chegaram à conclusão que também era do seu interesse pois, caso não o fizessem, teríamos ingleses com uma rátio de 10 indianos e 3 negros para cada branco inglês ( e o mesmo para os franceses etc....).
Efectivamente, esta decisão, bem adoptada, poderia representar o equilíbrio de uma balança extremamente desajustada a favor de uma metrópole que na maior parte dos casos só via uma direcção para as coisas boas, isto é, o seu próprio bolso ( mais uma vez note-se aqui como começou a independência americana....)..
i- O grande erro histórico, foi ter‑se dado a independência de uma quase brusca, isto é, HOJE é‑se português ou francês ou inglês e num curto espaço de tempo deixa‑se de ser isso para ser um queniano, senegalês, angolano ... etc etc
Entretanto, os quadros que regiam os paises, e que nos anos de regência, muito pouco tinham feito para criar quadros "nativos",no acto das independências abandonam os países, deixando‑os mal entregues em termos administrativos.
Acredito aqui que os movimentos de libertação não soubessem as implicações daquilo em que se estavam a meter, mas não acredito que as ex‑potências não o soubessem.
Mas, claro, mais uma vez os "nativos" tinham sido uns anjinhos pois pensando que estavam a ficar independentes, ficaram foi ainda mais dependentes, pois as ex‑potências acabaram por retirar de uma forma ou de outra os quadros existentes no país quer através do "brain drenage" ou criando "instabilidade".
E mais ainda, a ex‑colónia não só ficou á mercê da sua ex‑metrópole como, passando a colónia a ser divorciada, passou a receber pressões de todo o tipo das outras metrópoles as quais criaram grupos de interesses de diverso tipo criando aquilo que num país já estabilizado se chamaria "lobby" mas que devido á despreparação dos africanos se transformou em "guerras" de maior ou menor violência:
As ex‑metrópoles e todos os países ricos em geral, aproveitando a ingenuidade dos africanos começaram a bombardear os novos países com todo o tipo de produtos que na maior parte dos casos não precisavam, mas que faziam parte do
"status life" de padrão ocidentalizado... Sistemas sofisticados de radares, carros desportivos para estradas macadame, iates, etc etc
O povo africano, já de si com uma perda de identidade nacional obtida durante centenas de anos, começa a sonhar com contas na suiça, com castelos em frança, a mandar os seus filhos para os estados unidos etc
As poupanças e a criação de empresas não são investidas/feitas no país, ou só o são em escala insignificante; e no meio disto tudo, cada vez debaixo de mais influências; já não são só os europeus, são também os coreanos, os taiwandeses, os brasileiros etc.
Sabendo que no tempo podem ir buscar os valores, esses países ricos fazem empréstimos e mais empréstimos e os africanos já sem identidade, já com um déficite intelectual, passam também a ter uma divida astrónomica.
Para pagar as dividas, fazem concessões !! como só têm terrenos e minerais, concedem‑nas !! mas quem define os preços das matérias primas são as bolsas de
Londres, Nova Iorque etc.
Ao mesmo tempo, como todos os outros produtos são importados, e sofrem as consequências de todas as oscilações mundiais, isto é, se o petróleo sobe, ou a inflacção do outro país afecta os preços, então, eles pagam tudo isso, mas os seus produtos continuam inalteráveis pois são geridos pelos mesmos que lhes vendem os produtos acabados.
3‑ Ogulho nacionalista á parte, e se pensarmos sériamente, todos os factos acima referidos foram os que de forma directa ou indirecta contribuiram para o hibridismo.
Devido á caracteristica própria dos países do extremo oriente, podemos dizer que eles nunca estiveram sujeitos a estes fenómenos de forma muito violenta; graças a isso conseguiram estabelecer um povo que preza por estar onde está,
investir no país e criar aí os seus filhos.
Tal facto, apesar da pobreza natural dos seus países está a dar fruto e a conseguir transformá‑los em potências economicas e com excelentes pib's per capita.
4‑ África, pelo contrário continua a ser alvo de todos os tipos de influências estando estas influências a subir cada vez mais.
5‑ Como sair deste impasse ??? Há solução ???
Existem um problema geral Mundial neste momento.... Estando os dados lançados da forma como estão e a mesa está posta... Há problemas sérios nos países resultantes das desintegração da URSS, há problemas sérissimos na India, Brazil, Venezuela, Iraque, Israel etc
O aparecimento dos novos nic's e o seu desejo de espaço nos mercados....A consolidação da CEE, a queda do bloco socialista, todos os problemas que são agora levantados pelos acordos ( perdão desacordos ...) do WTO.....
Perante tais questões, os problemas africanos passam a ser mini-problemas e ficam para segundo plano no forum de análise internacional !!!....
Simultâneamente, no actual quadro de inter-relação dos Países, povos, comércio, dependência de matérias primas, degradação do clima etc NÃO podemos já dizer que as soluções estão apenas nos próprios países ou no seus povos...
Por isso não podemos continuar a fazer erros históricos !!
Como então resolver os problemas ????????????
Sinceramente só vejo uma solução, isto é, UM COMPROMISSO MUNDIAL á volta da ONU e o transporte de decisões sociais globais para ESTE FORUM com um progressivo transporte do polo de macro decisões dos vários países para esse ambiente.
Havendo boa vontade de todos os países, num teatro operacional da ONU unidas, macro decisões mundiais podem ser tomadas como por exemplo:
- a)‑ que países produzem o quê
- b)‑ obrigatoriedade e legitimação dos princípios democráticos e de direitos humanos a nível mundial
- c)‑ intervenção em força em casos de violação.
- d)- solução de problemas GLOBAIS onde países "andam a tapar o sol com uma peneira" como:
- Criação do depósito de lixo nuclear mundial
- Paragem da desmatação mundial
- Paragem da desertifição mundial
Paralelamente, uma solução como esta aboliria grande parte dos gastos militares e como tal tornar‑se‑iam possíveis projectos como:
- saúde para o mundo no ano 2030
- educação para o mundo no ano 2030
- estação espacial mundial
- partida para o espaço
- criação das colónias lunares e outras
E acima de tudo, uma solução como acima indicada, acabaria com um fenómeno que neste momento me perturba, isto é "o hibridismo" e a perda de consciência nacional.......
Numa solução como esta, e se por volta do ano 2030 ainda estivesse vivo, poderia ser chamado, "António da Silva ‑ cidadão do planeta Terra " !