“ Histórico das copiadoras em Angola

 

A Sistec sente-se honrada em dizer que contribuiu de forma muito significativa para a divulgação e vulgarização das fotocopiadoras em Angola.

 

Antes de 1975 o fenómeno “fotocópia” era algo quase que “irreal” e até essa altura era vulgar o uso de papel quimico na elaboração de “cópias” de documentos. Era também utilizada a “transcrição” registadada notarialmente.

 

Ao mesmo tempo, e para trabalhos especificos, existiam as “máquinas duplicadoras” onde a marca GESTETNER era líder quase absoluta e que faziam cópias de baixa qualidade.

 

Para quem não saiba as duplicadoras funcionam a “tinta” e utilizam uma “matriz” chamada “stencil”.

 

 

O stencil é normalmente escrito numa máquina de escrever á qual se retira a fita de escrever fazendo com que a tecla bata em cima do stencil que é uma espécie de “cêra”; Ao bater abre um buraco na cêra com o formato da letra... Essa folha de stencil é depois colocada na duplicadora por cima de um tambôr que deixa passar a tinta pelas ranhuras das letras. Essa tinta, ao passar a tinta pelas ranhuras das letras e com um acto de sincronismo de um tambor permite a passagem da tinta para o papel.

 

Por volta dos anos 70 surgiram umas máquinas, também da GESTETNER que, colocando um original num lado, “duplicavam” esse original numa folha de stencil (dizia-se “queimar o stencil”...), facto que permitia que se começassem a poder duplicar fotografias, coisas que até aí era impensável.... Estas máquinas no entanto demoravam 30 a 60 minutos a queimar o stencil A4...

 

Com o aparecimento das fotocopiadoras e até 1988, as duplicadoras foram perdendo mercado devido a:

  • a qualidade da cópia ser má,
  • o manuseio da duplicadora ser um trabalho sujo
  • e as tintas terem um cheiro caracteristico meio desagradável.

 

Quase que podemos contar pelos dedos das mãos o numero de máquinas fotocopiadoras existentes no mercado angolano em 1975.

 

Angola passou pelo seguinte parque de copiadoras:

 

  • Umas  centenas de máquinas duplicadoras GESTETNER e umas dezenas de “queimadores de stencil”
  • Máquinas que funcionavam com duas operações de “fazer o negativo” e “fazer a cópia” num processo:
    • Quimico
    • Fotográfico para uma folha especial ( negativo )
    • Transcrição do negativo para outro papel especial.
  • Estas máquinas faziam cópias muito duradouras, num tom acastanhado, e tinham uma particularidade interessante que era o facto de fazerem cópias em formatos superiores a A3... Podia-me mesmo “cortar” o papel para o formato pretendido antes de se tirar a cópia.
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  • Máquinas do tipo Agfa, que funcionavam mais automáticamente e que era como segue:
    • Liquido com toner misturado ( o precursôr do sistema LTT da Ricoh...)
    • Papel especial
  • Estas máquinas, genéricamente da marca AGFA estiveram no mercado até aos anos 80 e faziam uma cópias num  papel especial quimico que escurecia com o tempo e que tinha um cheiro desagradável... Eram no entanto automáticas... Por outras palavras... Colocava-se o original num vidro, apertava-se o botão e saía a cópia.
  • Algumas máquinas XEROX de grande tiragem que apenas existiam no centro da Xerox e onde existiam dois modelos que já aumentavam e diminuiam ( o mod.7000 e o mod.4100.....)
    • Estas máquinas faziam cópias em papel comum, utilizavam toner em pó, eram rápidas, aumentavam e diminuiam o original para formatos pré-definidos e eram enormes em termos de tamanho...
  • Uma centena de máquinas do modelo XEROX 813 que eram utilizadas pelas empresas mais modernas.
    • Estas máquinas não tinham “vidro expositor” e o original metia-se por uma ranhura na parte lateral da máquina dentro de um plástico próprio... Usavam toner seco, tinham boa qualidade e quando a máquina não estava muito limpa, as cópias tinham uma “irritante” marca das duas pinças que puxavam o original para dentro da máquina.
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Em 1975, a XEROX estava a tornar-se rápidamente lider do mercado devido ao facto de serem as únicas com máquinas que faziam cópias a seco em papel normal; A XEROX tinha no entanto uma estranha politica de vendas que acabou por lhe causar a perda do mercado que era o facto de “não vender máquinas” mas sim “cobrar um aluguer baseado no número de cópias” que o cliente fazia.

 

Em 1977 Angola procedeu á primeira importação de máquinas de fotocopias e importou através da Importang máquinas CANNON modelo NP50 que rápidamente ocuparam o lugar de liderança. O NP 50 funcionava com o sistema LTT ( liquid toner tranfer ) que foi inventado pela RICOH e que era, de facto, o único concorrente da XEROX no mercado Mundial. As máquinas LTT funcionavam muito bem, tinham uma excelente qualidade sobretudo em cópias que tivessem fotos, mas eram lentas e a manutenção era um acto extremamente sujo e repugnante.

 

Seguiu-se o model CANNON NP200, utilizando toner seco, e com uma particularidade única que era o facto de, ao contrário da XEROX, utilizar um só componente....

 

Para quem não sabe, as fotocópias a seco são feitas pela combinação magnética de dois componentes ( o developer e o toner ...), sendo o developer um componente que “transporta” o toner para o papel, este forma a imagem e depois a imagem é “queimada” num rolo quente a 750Watts, fazendo assim a cópia final.

 

A CANNON NP200 tinha a particularidade de funcionar com um só componente... Isto é, a cópia era formada sobre o papel e este era “calandrado” entre dois rolos que faziam o toner entranhar no papel em vez de ser “queimado” por esses mesmos rôlos.... Estas máquinas tinham as seguintes vantagens:

  • Cópias muito lisas e brilhantes porque o papel era calandrado
  • Cópias mais baratas

Tinham no entando as seguintes desvantagens:

  • Manutenção complicada porque o ajuste dos rolos da calandra era muito complicado e sensível e caso ficasse desajustado uma parte da cópias ficava bem, mas, na outra parte o toner soltava-se.
  • A gramagem do papel era muito critica

 

Em 1981 a Protécnica, precussôra da Sistec, apareceu no mercado e rápidamente viu que o mercado de fotocopiadores estava mal trabalhado.... Fez uma primeira experiência com uma máquina Nashua que usava o sistema LTT mas concluiu que apesar da cópia ser de muito boa qualidade, o MCBF era curto ( medium copies between failure...) e, como tal procurou e apostou numa marca com máquinas a toner seco, a MINOLTA.

 

Em 1983 já era líder de mercado devido ao facto de:

 

  • Ter aberto centros de fotocópias pelo País inteiro
  • Ter optado por lançar em Angola “apenas um modelo” devidamente seleccionado e lança-lo em Angola 1 ano depois de ser lançado na Europa. Isto permitia que houvesse máquinas suficientes de um modelo para permitir especialização técnica, stocks de consumíveis geríveis, e ainda uma padronização na operação.
  • Ao lançar o modelo um ano depois de lançado na Europa e como qualquer copiadora, depois de lançada, tem cerca de 70 “upgrades/correcções técnicas” da fábrica, permitia ter uma máquina tecnológicamente “estabilizada”.
  • As máquinas terem uma qualidade muito boa
  • Poderem usar qualquer tipo de papel ( de 40 a 150 gramas ....).
  • Ter apostado a sério na manutenção adoptando uma politica de:
    • Vender apenas um modelo de máquina para, devido ás dificuldades de importação e formação de pessoal poder garantir sempre as peças necessárias, os consumíveis necessários e técnicos convenientemente formados.

 

Para registo a Protécnica chegou a ser chamada no mercado de “a Rainha das fotocópias...”

 

Do mostruário inicial que incluia os modelos EP320, EP530R e EP710, adoptou o modelo EP530R pela sua qualidade e performance.

 

Como nota histórica convém referir que a máquina MINOLTA EP710 foi a primeira máquina “pequena” ( do tamanho de uma secretária pequena...) a ter as funções de “aumento” e “redução” numa só máquina... As outras máquinas que fazia este tipo de trabalho eram as XEROX que ocupavam um espaço de cerca de 4 metros de comprimento e que custava dez vezes mais.

    

Desde 1982 para cá a Protécnica passou pelos seguintes modelos:

  • EP530R
  • EP550Z
  • EP470Z
  • EP4230/33
  • EP21 series 2120/2150
  • EP1080/1050/2050
  • EP2080/2010
  • EP1030/31
  • I350/DI151 - Digital
  • CF2001 - Color
  • DI152 e DI551

 

O modelo EP550Z foi a primeira máquina em Angola a ter ZOOM mas foi um lançamento infeliz da Minolta e foi cometido o erro de a introduzir em Angola logo no seu lançamento, facto que deu muitos problemas porque esta máquina não era técnicamente muito boa e tinha um MCBF bastante baixo para o tipo de máquina que era suposto ser.

O modelo EP470Z foi a primeira máquina que tirava cópias com toner a côres.

O modelo EP4230 era em tudo semelhante à EP470Z e tinha a particularidade de “tirar cópias com 3 côres” de uma só vez...

O modelo DI350 foi a primeira máquina digital a ser introduzida no mercado e a DI551 foi a primeira máquina a 55 cópias por minuto e digital a ser introduzida.

 

 

A partir de determinada altura, todas as máquinas passaram a ter funções muito semelhantes; Passaram a ter zoom, funcionar com várias gramagens, ter separadores e introdutores de originais standard etc.

 

Em 1991 a Sistec, empresa que sucedeu á Protécnica depois da divisão desta, fez uma análise de mercado e chegou ás seguintes conclusões:

 

  • Que as fotocopiadoras eram usadas de forma intensíssima em Angola pois eram necessárias cópias para tudo.
  • Que as máquinas de um determinado segmento eram genéricamente forçadas a funcionar com um volume de cópias 3 a 4 vezes superior ao volume para o qual haviam sido construidas.
  • Que, devido á poeira, humidade do ar e variações de energia caracteristicos de Angola, o MCBF das máquinas andava entre 10.000 e 12.000 cópias, o que era muito pouco pois havia máquinas que faziam esse numero de cópias em dois ou três dias afectando portanto a qualidade do serviço de assistência e a vida útil das máquinas.

 

Assim, decidiu introduzir no mercado um tipo de máquinas diferente, a “duplicadora digital”.

 

A duplicadora digital foi um “re-aproveitamento” das tecnologias existentes, simples e provadas por uma empresa japonesa que, tipo “ovo de Colombo”, adaptou as tecnologias e colocou-as num pacote muito interessante...

 

Essa empresa, a RISO KAGAKU, sabendo do problema do MCBF das fotocopiadoras e respectivo custo por cópia, fez o seguinte:

 

  • Adoptou a tecnologia das duplicadoras cujo MCBF é na faixa das 400.000 cópias
  • Inventou uma tinta especial muito fina que fazia cópias com 300dpi´s de resolução
  • Disponibilizou essa tinta em várias côres
  • Inventou um stencil/matriz especial capaz de aceitar “queimas” com a resolução dos 300 dpi´s sem se estragar ( hoje, essa matriz já aceita cerca de 1200 dpi´s...)
  • Inventou um “queimador” especial que queimava um A4 em menos de 20 segundos e que o fazia com um traço muito fino
  • Inventou um “scanner” que scaneava o original, digitalizava-o e procedia á queima da matriz/stencil podendo ainda aumenta-lo ou reduzi-lo como pretendido antes de fazer a matriz.
  • Inventou um sistema de colocação do stencil num rolo a partir do qual, de forma automática, a matriz era feita, usada na impressão e colocado num depósito de lixo dentro da máquina.

 

Em suma, exceptuando os 20 segundos para scanear o original, o sistema em tudo se parecia com uma fotocopiadora.

 

As grandes vantagens desta máquinas eram:

 

  • Poder usar literalmente qualquer tipo de papel
  • Fazer cópias a uma velocidade de 120 copias por minutos (hoje fazem-se cópias a 140 cpm).
  • Ter uma MCBF superior a 400.000 cópias
  • Ter um custo por cópia muito baixo, apesar do preço da matriz.
  • Não sujar as mãos ao contrário das velhas máquinas de stencil.

 

 

 

A Sistec adoptou esta máquina para os seus clientes de grande tiragem vendendo-a em conjunto com fotocopiadoras MINOLTA. Genéricamente um cliente de grande porte comprava uma ou duas copiadoras de médio porte e uma duplicadora digital ficando muito mais bem servido do que adoptando uma  máquina de fotocopias de alta velocidade caríssima e com um MCBF na faixa de 10.000 cópias.

 

Em fins de 1997, e apesar de não prever mercado em Angola para tal máquina, a Sistec adquiriu uma máquina MINOLTA CF70 que fazia fotocópias a CORES.

 

 

Esta experiência só em 2003 começa a dar algum retorno porque efectivamente, devido ao preço e ás necessidades de manutenção bem como especialização no tipo de manutenção, só em 2003 a tecnologia começa a estar “vulgarizada” e suficientemente rápida para haver clientes.

 

Em termos de MARCOS históricos podemos dizer que o processo de cópias foi caracterizado por:

 

  • Os copistas
  • A máquina de impressão
  • A maquina de escrever
  • O papel quimico
  • O papel quimico NCR
  • As duplicadoras
  • As queimadoras de stencil
  • Fotocopiadoras a dois passos (fotografia e revelação)
  • As fotocopiadoras a liquido
  • As fotocopiadoras a pó ou “xerocopiadoras”
  • As duplicadoras digitais
  • As fotocopiadoras digitais
  • A fotocopiadora a côres
  • E finalmente as MOPIERS

 

Se hoje, 2012, tivermos que fazer uma nova referência a novos MARCOS na história das copiadoras temos que referir que esses marcos  são baseado no manuseio de saida e entrada dos originais e cópias nas máquinas.

 

Até muito recentemente os dispositivos:

 

  • Introdutores automáticos de originais
  • Separadores

 

 

 

Eram caros, de manutenção dificil e nada práticos porque o papel tinha cursos muito longos dentro da máquina, facto que fazia com que, em caso de encravamento, se perdesse muita da eficácia que esses dispositivos davam; Em Angola, devido á poeira, electricidade estática, humidade e variações de energia o fenómeno “encravamento” é muito comum...Por exemplo havia um cliente de alto consumo que tinha 25 fotocopiadoras com separadores que simplesmente decidiu “deixar de os usar” devido ao nível de encravamento ser tão alto.

 

Com o aumento das capacidades dos processadores e memórias e com a evolução dos “scanners” hoje é possível:

 

  • Scanear um livro completo de uma só vez mesmo que tenha formatos diferentes de originais e tenha frente e verso.
  • Imprimir esse livro já separado em sequência sendo a separação feita digitalmente na memória da máquina e actuando a fotocopiadora como uma impressôra de computador simples.

 

Esta evolução parece-nos ser o ÚLTIMO MARCO relevante na história das copiadoras devido essencialmente á sua praticabilidade que permite uma operacionalidade muito grande no trabalho de cópias; Este processamento pode ser associado a uma rede de computadores e ser usado quer por fotocopiadoras como por duplicadoras digitais como ainda por impressôras simples, o que torna este MARCO como o mais relevante e importante e semelhante em importância ao aparecimento da imprensa ou à invenção da cópia a seco.

 

Em termos de mercado angolano e no que respeita a concorrência, a liberalização encarregou-se de fazer com que, á excepção da Sistec, deixasse de haver marcos nas copiadoras da concorrência.

 

Como já referido atráz, a razão principal tem a ver com o facto das marcas concorrentes terem optado por comercializar “todos os modelos” de cada marca e, devido ao facto do mercado ser pequeno, não conseguirem que um modelo “ficasse famoso e conhecido” diluindo-se na amálgama de modelos das várias marcas e criando um pesadelo técnico em termos de manutenção e de abastecimento de consumíveis.

 

No entanto é de referenciar as marcas existentes no mercado Angolano... A XEROX que, de líder passou a um papel bastante insignificante por razões que não são entendidas pois a marca tem uma “garra” muito própria... A CANNON, a  Kyocera, a Toshiba e a Sharp  têm uma posição de mercado relativamente idêntico ao da Xerox e bastante pequeno.

 

A marca que compete mais directamente com a KONICAMINOLTA ( A Konica e a Minolta juntaram-se entretanto numa única empresa ) é a RICOH, tendo a RICOH muito recente mas  apresentando modelos bastante interessantes e completos; A RICOH tem também na sua linha duplicadoras digitais onde a Sistec comercializa a RISOGRAPH.

 

Uma outra marca que nunca esteve no mercado de copiadoras mas que acaba NA PRÁTICA por se tornar um standard e roubar muito mercado é a HP... Emergindo do mercado de impressôras, apostou em produtos que acabam na prática por substituir a copiadora.

 

É na direcção da multiplicidade de funções que o mercado está a evoluir, isto é:

 

- Rede de computadores

- Scaners ao longo da rede, ligados aos PC´s

- Unidades de “impressão” diversa com caracteristicas de impressão de acordo com o trabalho pretendido e a saber:

- Impressôra laser a preto e branco

- Impressôra laser a côres

- Impressôra jacto de tinta

- Copiadoras

 

Devido á proliferação de computadores e respectivas impressôras e devido ao processo de modernização do Estado Angolano, as necessidades de cópiadoras tradicionais passou para um nível mais baixo; Isto faz com que o mercado em geral  se contraia e que deixe de se considerar a condição “posição no mercado de copiadoras” e se passe mais para um situação de “posição no mercado de serviços”... É aqui relevante referir que a KONICAMINOLTA tem neste momento fotocopiadoras de funções multiplas que permitem:

 

  • Serem ligadas em rede
  • Serem utilizadas como fotocopiadora normais
  • Serem utilizadas com impressôras
  • Serem utilizadas como scanners
  • Automatizarem a introdução dos originais
  • Fazerem a separação das cópias de forma lógica e não física.

 

Combinando com as RISOGRAPHS a solução empresarial é completa.

 

É nesse sentido que caminha o mercado, uma ferramenta oferecendo cada vez mais serviços associados e cada vez mais longe da tradicional “copiadora” comum....